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Sobre o Templo- Parte 2 Manipulação, restrição, luxo e tensão

  Até aqui eu falei sobre como fui completamente envolvida pelos relatos de outras pessoas sobre o templo, quando eu era jovem. Especialmente pelos relatos de pessoas que eu confiava, que eu admirava e que estavam lá dentro da igreja comigo. Desde jovem ouvindo e lendo a respeito, aprendendo que ali era o local mais sagrado da Terra. E eu fazia essas mesmas afirmações a mim mesma todos os dias, não é mesmo? Inconscientemente, o foco era sempre estar digna de entrar no templo. Eu fui completamente sugada por essa ideia e eu fiquei plantada naquele solo mórmon, paralisada. Eu fui acreditando que somente ali eu teria uma boa terra e água suficiente para sobreviver.                               Hinos e a manipulação através da música É exatamente esse tipo de impressão, esse tipo de emoção que a igreja quer causar nos adolescentes. E já começam com as crianças: " Eu gosto de ver o templo, ali eu hei de entrar ". Esse hino da primária traz muitas afirmações, apesar de ser pequen
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Sobre o Templo- Parte 1 A preparação e o novo nome

Quero começar falando sobre algo que nunca mencionei aqui, que são meus sentimentos em relação ao templo. Tudo o que ele representou na minha vida, no meu passado e tudo o que ele representa agora. Eu pensei muito sobre isso. Eu sei que o templo é sagrado para muitas pessoas que ainda estão lá, que acreditam em todas essas coisas, mas eu quero falar tudo o que eu sentia e tudo o que eu sinto hoje. Desde muito jovem, assim que me batizei, ouvia maravilhas a re speito do templo. Que ele era sagrado, que Jesus Cristo visitava o templo, que seria o único lugar que ele poderia colocar seus pés nesse mundo. Que apenas pessoas preparadas passariam pelo templo para fazerem convênios mais sérios com Deus. Que a capela era para todos, mas os templos apenas para quem era digno. Era exigido uma recomendação, uma espécie de carteirinha para entrar lá . Mas é claro que na época não pensava assim, que a recomendação era uma espécie de carteirinha. A própria recomendação já era sagrada. Já significava

As descobertas e meu sonho sobre os coletes salva-vidas

Tudo começou em junho de 2020, o despertar e as descobertas. Até então, eu seguia minha vida normal com minha família, seguindo a igreja e todos os padrões por 25 anos. Eu sempre falava que a igreja era minha segurança, minha proteção contra o mundo, meu porto seguro. “Sem a igreja não sei onde estaria”, “sem a igreja é muito perigoso”, “sem a igreja é muito pior”. Então, quando eu estava descobrindo essas verdades sobre a igreja, um sentimento de medo e insegurança me dominou de uma forma intensa. O que seria da minha família? E a barra de ferro? E o mundo, iria nos engolir? Em 2019, havíamos entrando em um barco em Ubatuba, e fomos levados até a praia de Fortaleza para vermos os peixinhos. No trajeto, uma onda forte chegou de surpresa e balançou bastante nosso barco e deu um certo medo, mas estávamos de coletes caso algo acontecesse.  Em agosto, eu tive um sonho muito vívido!  Sonhei que estava entrando em um barco com minha família. E no sonho eu me lembrava desse passeio que tivemo

Deus não é assim

Eu estou feliz! Simplesmente eu quero dizer isso. Sim, eu senti coisas boas lá dentro da igreja, sempre foi muito verdadeiro e real para mim. Deus estava comigo, Ele com certeza estaria comigo em qualquer lugar. Eu pensava que estar fora da igreja seria o caos. Eu pensava que minha vida iria desabar totalmente. Colocaram isso na minha cabeça durante 25 anos.  Mas tudo está bem. E já adianto que não é apenas por enquanto, como algumas pessoas pensam e até mesmo dizem.  Tudo está bem sim e ficará bem e as dificuldades virão, assim como elas chegam para os membros que se consideram fieis, ou mesmo para os membros que não se consideram, mas estão lá no espaço físico para garantir.  Deus não é assim e isso foi tão claro para mim, tão bom de ver, de sentir, de resgatar no meu íntimo...Me iluminou completamente. Deus não é assim, Ele não amaldiçoa quem sai da igreja, Ele não deixa de abençoar Seus filhos! Como eu gostaria que todas as mentes percebessem isso e deixassem de lado esse medo. E

Só dói quando a gente para

Sabe quando a gente trabalha o dia todo, seja fora de casa ou em casa, e não paramos nem por um minuto naquele dia, e depois que a gente senta é que percebemos o quanto trabalhamos? Só depois que a gente descansa, que tomamos um banho e começamos a relaxar, é que sentimos o corpo todo cansado, as dores vêm.  Você entende né? Sabe do que estou dizendo. É a mesma coisa quando a gente sai da igreja. As dores vão aparecendo só depois que paramos aquele exercício mental. Às vezes a gente pratica uma atividade física como por exemplo, andar de bicicleta, a cavalo, ou caminhamos bastante ou corremos com nossos filhos. No dia seguindo, a gente acorda com o corpo todo dolorido. É assim que nós nos sentimos quando saímos da igreja. A dor a gente só sente depois que a gente para. Enquanto estamos lá, parece ser tudo muito prazeroso.  É como quando fazemos essas atividades. No momento não sentimos nada. Só depois que percebemos o esforço, e muitas vezes até, do quanto abusamos. Então, é sobre essa

Não é falta de fé, é abundância de consciência (A desconfiança que fica)

Hoje quero conversar um pouquinho, falar de como é difícil quando a gente deixa a igreja, quando a gente vai embora e abandona o mormonismo. Mas não é porque a gente sente falta, não é porque a gente quer voltar. Eu digo isso por mim mesma. E eu sei que muitos irão se identificar com as minha palavras, com as coisas que irei falar.  Hoje para mim a igreja mais do que nunca é a igreja mórmon. Por mais que tentem dizer que ela é a igreja de Jesus Cristo, que ela deve ser chamada assim. Eu conheci a igreja como igreja mórmon. Eu participei daqueles momentos em que se dizia: "Ser Mórmon é ser feliz."  Houve até uma campanha "Eu sou Mórmon",  https://noticias-br.aigrejadejesuscristo.org/artigo/lancamento-campanha-eu-sou-mormon-brasileiros ,  e depois de um tempo o filme, "Conheça os Mórmons" , com trilha sonora e tudo.  https://www.churchofjesuschrist.org/media-library/video/2015-01-1000-meet-the-mormons?lang=por . Eu vi filmes a respeito da igreja, eu conheci

Julgamentos, preconceitos, apostasia (quando saímos da igreja)

Existe uma frase, que foi citada pela professora Lúcia Helena Galvão, que diz: "Quando alguém desperta, é tido como um traidor, porque alguém que desperta expõe todos os demais."   Eu sinto que eu despertei. Em relação a igreja e em relação a muitas outras coisas, consequentemente. E eu tenho observado que para os membros que ficam na igreja, somos traidores. Todos nós que decidimos sair. Não sei se é porque eu nunca senti esse ódio todo pelas pessoas que se afastavam da igreja quando eu estava lá, mas esse é um sentimento que eu não consigo entender. Cada vez mais vejo familias sendo separadas por causa desse discurso de ódio, de intolerância. Os pais, deixam de falar com os filhos, irmão deixa de considerar o irmão, amigos não se conversam mais. Quando um membro da família decide sair, ele é banido, excluído, julgado. Aquele que antes servia, não serve mais. Cada vez mais presencio o preconceito. É incrível como qualquer membro que é querido lá dentro, simplesmente deixa

Não, eu não volto mais (aos membros que ficaram)

Não, eu não volto mais. Saí com meus próprios pés bem firmados. Não foi mudança repentina,  não foi um ato impensado. Foi inquietude que há anos surgiu,  de que algo não estava certo. Então minha mente se abriu  e nada mais fez sentido, depois do que descobriu. Por isso não volto. Não sei mentir a mim mesma. Como posso encenar um papel de sentir a mesma emoção, apenas para satisfazer alguém  e não ser a sua decepção? Mas agora vejo muito bem,  e nada mais vejo como antes. Por isso esse ciclo chegou ao fim, pois quero ser fiel a mim! E a igreja? Ah, a igreja!   Do passado traz novidades e tudo muda de repente. Dizem que é revelação, para dissimular a confusão. Tão difícil é perceber, retirar as camadas da mente. São imensas, são profundas... E quem quer olhar o próprio engano? As vezes de uma vida toda! É preciso força e coragem, para encarar a realidade. Então mudem a conversa,  especulações a meu respeito. Certezas eu tenho  do que não é,    mente desperta não tem mais jeito. E sobre

O racismo e a igreja: nada que justifique

  Uma das maiores decepções que tive com a igreja, diz respeito aos homens então chamados "profetas da restauração". Tomar conhecimento de suas declarações ao longo da história é de amargar o coração! Essa citação de Brigham Young já mostra muita coisa, seu tipo de mentalidade. Eu s empre o admirei pelas coisas que lia nos livros fornecidos pela igreja: nas aulas, manuais, Instituto... Eram palavras bonitas e enfeitadas. Me lembro daquele livro com os ensinamentos dos profetas que estudávamos aos domingos. Sim, durante um ano estudei as palavras de Brigham Young todos os domingos e pensar nisso hoje me faz arrepiar!  É incrível como eu pensava conhecer suas palavras, todas muito bem escolhidas para os membros terem a percepção desejada pela igreja. Eu poderia colocar muitas coisas terríveis sobre esse homem a quem um dia admirei em minha santa inocência. Mas meu propósito aqui não é esse. Quero falar sobre os meus sentimentos em relação a essa citação, que revela seu verdade