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Não é falta de fé, é abundância de consciência (A desconfiança que fica)

Hoje quero conversar um pouquinho, falar de como é difícil quando a gente deixa a igreja, quando a gente vai embora e abandona o mormonismo. Mas não é porque a gente sente falta, não é porque a gente quer voltar. Eu digo isso por mim mesma. E eu sei que muitos irão se identificar com as minha palavras, com as coisas que irei falar. 

Hoje para mim a igreja mais do que nunca é a igreja mórmon. Por mais que tentem dizer que ela é a igreja de Jesus Cristo, que ela deve ser chamada assim. Eu conheci a igreja como igreja mórmon. Eu participei daqueles momentos em que se dizia: "Ser Mórmon é ser feliz." Houve até uma campanha "Eu sou Mórmon", https://noticias-br.aigrejadejesuscristo.org/artigo/lancamento-campanha-eu-sou-mormon-brasileirose depois de um tempo o filme, "Conheça os Mórmons" , com trilha sonora e tudo. https://www.churchofjesuschrist.org/media-library/video/2015-01-1000-meet-the-mormons?lang=por.

Eu vi filmes a respeito da igreja, eu conheci o coro da igreja como o Coro do Tabernáculo Mórmon. A igreja é mundialmente conhecida assim. E hoje mais do que nunca para mim, ela é a igreja mórmon. Antes, quando eu estava lá, eu ainda pensava: é a igreja de Jesus Cristo então eu vou chamar como a igreja de Jesus Cristo. Mas hoje não tem o menor sentido, porque hoje eu sei o que ela é. É uma corporação, uma empresa. É um lugar de investimentos. E tudo o que ela não é, é a igreja de Jesus Cristo. Porque ela não representa Cristo. E ainda nessa semana eu vi aquela "escritura" que diz que é a única igreja a quem o Senhor se deleita, que Deus se deleita. Não sei que tipo de deleite poderia ser. Porque a gente sabe de tudo o que a igreja esconde, faz, de tudo o que ela tenta abafar, de tudo o que ela tenta ser mas não é. E ela não representa realmente o amor de Deus, a pura caridade de Jesus Cristo.

Mas voltando à ideia do início do texto, porque é tão difícil sair do mormonismo, e no porque a gente simplesmente não sai. Ainda que muitas pessoas consigam sair e esquecer colocando uma pedra em tudo isso. Mas aqui eu falo por mim, eu falo dos meus sentimentos, do que eu realmente tenho para compartilhar, sobre o que está dentro de mim.

Eu acho que a igreja invade todo nosso campo emocional de uma forma que ele fica muito prejudicado. Eu mesma fui muito prejudicada entrando com apenas quinze anos de idade. Porque eu fiquei todo esse tempo acreditando naquelas "verdades" como únicas. E é muito complicado porque não damos espaço para mais nada na vida. Eu mesma não dei espaço para outras crenças, a minha fé naquilo tudo era muito completa. Eu não aceitava nada além do que era ensinado na igreja. Realmente chamamos de "bolha" e é uma bolha. Porque ficamos ali andando em circulos, e só confiando naquilo que vem da única fonte que pensamos ser a  verdade total. Então todas as respostas sobre quem nós somos, de onde nós viemos, para onde nós iremos, estão baseadas ali, naquela doutrina. E vamos aprendendo aquilo dia após dia, aqueles ensinamentos ano após ano... É o que nós vamos aprendendo, ensinando, compartilhando com outras pessoas. É como se tivéssemos um chip na mente e descartamos qualquer dúvida ou outras possibilidades na vida. De repente, é a única forma que você tem de viver, de olhar o mundo, de ter as suas respostas, de se vestir. Aquela forma é a forma correta de orar, então você tem que orar daquela maneira, você tem que se alimentar daquele jeito, você tem que falar com uma linguagem igual a das outras pessoas da igreja, com os termos que são usados, e são todos iguais. Tem aquela maneira de servir, de se divertir, de julgar o mundo, as pessoas...enfim, os pensamentos são todos da mesma forma. Você entende que é daquele jeito e que não existe outro jeito para você andar conforme a vontade de Deus.

Quando entramos para a igreja tudo muda. Antes dos meus quinze anos, eu tinha uma fé pura em Deus, eu estava aberta a muitos conhecimentos. Ao mesmo tempo não me faltava nada, eu me sentia plena. Eu me sentia a vontade para acreditar facilmente em outras coisas que fizessem sentido para mim. Mesmo jovem, eu sempre vivi essa lado da espiritualidade, eu sempre pensei em Deus, eu sempre senti um grande amor por Ele e também um amor que vinha Dele para mim de graça, sem precisar provar e fazer várias coisas para me sentir aceitável a Deus. Quando a gente se dá conta, a nossa identidade foi perdida dentro da igreja. A gente se adapta ao que o padrão da igreja exige e pronto.

É muito complicado. Porque eu fui completamente doutrinada daquela forma desde muito cedo. E hoje em dia, dois anos depois que eu deixei a igreja, eu confesso que é muito difícil acreditar em alguma coisa de novo. É muito difícil confiar, é muito difícil se entregar. É muito difícil você ouvir seus sentimentos e confiar neles de novo. É por isso que eu digo que a igreja acaba com nosso emocional, com a nossa fé e com a nossa esperança de que algo posso ser realmente verdadeiro. Ela te faz acreditar em uma ilusão, e depois ela mesma destroi, porque não consegue esconder por muito tempo os seus esquemas de anos e anos. E então a gente tem que acordar para essa realidade e é um choque. Fica muito difícil confiar de novo nos nossos sentimentos, que de uma certa forma nos enganaram, porque fomos influenciados, fomos enganados, nos deixamos levar. E precisamos também nos perdoar por isso. Sabemos o quanto eles são espertos para fazer isso, para pegar as pessoas.

E vem aquela situação: se tudo o que eu sentia ser verdade não é, o que é a verdade? Onde está a verdade? É tudo muito complicado. E sabemos que a igreja usou nossos sentimentos, a nossa sensibilidade para nos enganar, para nos manipular ao longo da nossa vida. E isso fica muito forte dentro da gente, e vem o pensamento: e agora? Como vou acreditar, como eu vou saber se não é mais um engano? Depois dessa decepção tão grande que a gente teve, como não vamos desconfiar de tudo o que aparece? As vezes eu acordo animada para aprender muitas coisas novas que tem me ajudado demais, mas tem dias que me desanimo, porque parece que não me sobrou muito tempo, eu perdi muito tempo, eu fiquei muito tempo lá. Eu não vou conseguir recuperar tudo o que perdi. Eu preciso também me abrir um pouco mais para aceitar outras coisas e me recuparar por ter ficado tanto tempo naquela manipulação. As vezes ficamos exigindo isso de nós mesmos. Mas calma! É preciso respirar e pensar que talvez seja cedo para confiar. 

A desconfiança anda comigo e eu sinto que é algum tipo de trauma, porque se alguém fala com muita certeza de que algo é verdadeiro, eu já me recuo. Então eu não me aprofundo em nada. Eu gosto de aprender sobre tantas coisas que antigamente eu nem imaginava que pudessem existir, coisas maravilhosas! Mas eu não quero entrar de cabeça em nada agora, em nenhuma crença. Não depois de tudo o que eu passei. E isso as vezes me assusta porque eu me sentia protegida com as minhas crenças, mas essas crenças que eu me sentia protegida não fazem o menor sentido! Eu nem sei como eu pude acreditar naquelas coisas. E lidar com tudo isso dentro da mente é muito complicado. Aquela verdade mórmon que eu pensava ser inabalável, é frágil e facilmente ela se desmancha. É só parar um pouquinho para pensar e também querer saber. Ligar os pontos, querer montar o quebra- cabeça. A gente vai ver que não se encaixa, as peças não se encaixam. E não é falta de fé, é abundância de consciência. 

Eu estava pensando esses dias no porque eu escolhi Eu e o Mormonismo como título do meu blog e do meu podcast. Na verdade, porque tenho praticamente uma vida toda no mormonismo, eu tenho uma história no mormonismo que foi uma história de amor. Foi de amor, de fidelidade e de entrega, pelo menos da minha parte. Então fez parte de mim. Não dá para negar o que eu vivi, o que eu aprendi, os lugares onde essa história me levou. E essa história moldou a minha vida, me trouxe muitas experiências. Foi uma história de amor que acabou quando eu descobri que eu romantizei demais, porque me iludiram demais. É como aquelas mulheres que vivem uma grande história de amor e depois descobrem a infidelidade do parceiro e toda aquela ilusão se acaba, porque se descobre a traição. E eu descobri a traição da igreja, por esconder fatos. Descobri que aquilo que eu mais amava e que eu sempre confiei não era o que eu pensava. E isso doeu muito. 

Por isso eu quero me curar. Porque o mormonismo sempre vai fazer parte da minha história, da minha história passada. Não adianta eu querer fechar os olhos para isso, ou odiar tudo e todos por isso ou me odiar. Ou fingir que nada aconteceu, porque aconteceu. É uma realidade. E eu quero um dia olhar para isso, apenas como parte da minha história. Mas agora o caminho que eu busco é me acolher, acolher outras pessoas que passam pelo mesmo. Colocar para fora o máximo possível da minha dor, tentar olhar esse meu relacionamento com o mormonismo com perdão. Seguir em frente, levando comigo as melhores lições e lembranças. Estou me preparando para isso, não digo que já estou pronta. Eu criei meu blog e podcast para isso, para colocar tudo para fora e para receber essa cura. Eu preciso olhar para essas coisas. Eu preciso entender o que aconteceu, eu preciso organizar a minha mente, as minha ideias. Eu não coloco aqui muitas coisas históricas sobre a igreja, têm muitos canais bons falando sobre isso, como Vania Moore, Mormonismo sem Censura, Mórmon uma ova. Eu vou falar sobre coisas históricas que mexeram comigo porque eu quero falar sobre os meus sentimentos.

Na verdade essa cura de tudo isso que eu passei não é fácil, mas estou aprendendo coisas maravilhosas e estou muito feliz por poder conhecer a Deus de uma outra forma. De uma forma tão verdadeira, tão pura, tão real. E saber que no meu próprio ritmo e tempo é que eu vou conseguir colocar as coisas em ordem e aprender coisas novas. E conhecer mais a mim mesma. Durante muito tempo eu me deixei de lado, eu sei. No meu próprio tempo, sem exigir nada de mim mesma, porque agora eu não quero exigir nada de mim mesma, já que eu exigia muito de mim durante esse tempo lá na igreja. Eu só quero a paz, só quero sentir quem eu sou de verdade, quero sentir as pessoas como elas são de verdade. Sem rótulos, sem julgamentos. Estou em busca realmente do amor real, do amor na visão de um Deus grandisoso. E é muito bom saber que o mundo te oferece tantas coisas boas. Não é como falavam na igreja, existem coisas maravilhosas para se viver, aprender. Existe vida após o mormonismo. Existe também uma cura. Se curar da dor, se curar da decepção, da frustração que chega forte no momento em que a gente abre os olhos. Mas é muito bom estar de olhos abertos! Não tem preço para me sentir viva e me sentir real, verdadeira. Especilmente pensar por mim mesma, que é a melhor parte de tudo.

Ouvir no Podcast: https://open.spotify.com/episode/0NCl1nacdIPDRxpoqu7Ztd?si=3W00y-yNRvyximczKxeXJg



Comentários

  1. Silvinha, eu estou passando pela mesma coisa "a dor do despertar"... É como quando empurram um dominó e todos caem, agora me pergunto como cheguei até aqui. Minha juventude toda na igreja, missão, casamento no templo tudo que era esperado e hoje só quero sair correndo. porém a insegurança de sair, o medo, a culpa me fazem ainda estar no meio mesmo sem querer. Obrigada pelos seus textos, tem me ajudado a não me sentir sozinha.

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  2. Olá, me perdoe pela demora em responder. Preciso dar uma atenção melhor ao meu blog, desde que comecei o podcast não tenho vindo mais aqui. Sinto muito por tudo isso, sei bem como são esses sentimentos. A dor é imensa. Respeite seu tempo e seu momento, não se precipite, faça tudo a medida que a coragem surgir, não se cobre tanto. Mas posso te garantir que não há o que temer, colocaram muitas coisas em nossa cabeça, muito medo e muitas ameaças. Se quiser me escrever mais pode me enviar um email eueomormonismo@yahoo.com. Também tenho um podcast com episódios recentes, tem o mesmo nome que o blog, pode me encontrar no Spotify. Um grande abraço!

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